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Aversão à luz - Os inimigos de Deus
Comportamento
Publicado em 31/07/2024

Por Henrique Bredda

Sócrates, um dos maiores filósofos da Grécia Antiga, foi condenado à morte em 399 a.C. por corromper a juventude e por "ateísmo".

Na realidade, o crime de "ateísmo" de que Sócrates foi acusado não se refere à falta de crença em um deus ou deuses, mas sim à rejeição dos deuses oficiais da cidade-estado de Atenas.

Tanto hoje, quanto na Atenas do século V a.C., sempre existe uma religião profundamente entrelaçada com a vida pública e política.

Os deuses da cidade, como Atena, Zeus e Apolo, eram reverenciados através de rituais e cultos públicos, que desempenhavam um papel central na coesão social e na identidade da pólis. Questionar ou rejeitar esses deuses não era apenas uma questão de crença pessoal, mas uma ameaça à ordem social e política.

Sócrates foi acusado por Meleto, Ânito e Lícon de não reconhecer os deuses que a cidade reconhecia e de introduzir uma nova divindade. Na obra "Apologia de Sócrates," escrita por Platão, Sócrates defende-se contra estas acusações argumentando que ele não é um ateu.

Pelo contrário, ele afirma acreditar em um tipo de divindade ou espírito (daimonion), que o guiava em suas ações. Sócrates explica que seu daimonion era uma voz interior que o advertia contra certas ações, o que sugere uma crença em um poder divino ou espiritual que transcende os deuses tradicionais da cidade.

Uma das afirmações mais intrigantes de Sócrates é sua referência a um "Deus desconhecido". Ele sugeriu que há um princípio divino ou uma verdade superior que vai além dos deuses antropomórficos do panteão grego.

Esta ideia, que mais tarde influenciaria o pensamento filosófico e religioso, aponta para uma crença em um Deus transcendente, que não se encaixa nas concepções tradicionais dos deuses da pólis.

Sócrates chegou, racionalmente, no monoteismo cristão, e por isso foi morto.

Nos nossos dias, o Comitê Olímpico notificou o atleta Chumbinho, que precisou trocar as pranchas de última hora antes de estrear nas Olimpíadas. A imagem do Cristo Redentor é um crime de 'ateísmo' moderno, pois Jesus Cristo não é uma divindade aceita pelo poder vigente.

Tivesse Chumbinho homenageado outros 'deuses', ele teria sido amplamente aclamado pela Pólis moderna.

 

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