O pacote econômico apresentado pelo governo federal tem sido alvo de duras críticas no mercado financeiro, que o considera um aceno populista disfarçado de responsabilidade fiscal.
Medidas como a isenção de Imposto de Renda para rendimentos de até R$ 5 mil, embora politicamente atrativas, são vistas como uma ameaça ao equilíbrio das contas públicas.
O economista Douglas Santos de Holanda Junior alerta para os riscos dessa estratégia: “O mercado esperava algo sólido, mas recebeu um populismo travestido de política fiscal. A isenção não tem nenhuma segurança de que trará equilíbrio às contas públicas.”
O cenário de descrédito se soma à falta de clareza e coordenação na comunicação do governo, que tem afugentado investidores internacionais. “O governo fala uma coisa, faz outra, e no final apresenta algo totalmente diferente do que foi anunciado por seus próprios membros.
O mercado não consegue tomar decisões racionais e, com isso, há uma fuga de capital”, pontua Holanda Junior.
A alta do dólar, que já alcança R$ 6, respinga tanto fatores externos quanto uma grave crise de confiança na economia brasileira. Externamente, o fortalecimento do dólar com o trade Trump tem influenciado mercados globais, mas a situação do Brasil é agravada por questões internas.
“A falta de uma política fiscal clara faz com que o Banco Central continue aumentando os juros. Isso aumenta o custo da dívida pública e piora ainda mais a percepção do mercado sobre o país,” explica o economista.
A proposta de reajustar o salário mínimo com base no PIB e na inflação também gera preocupação. Segundo Holanda Junior, a medida é insustentável no longo prazo, pois aumenta os gastos públicos sem resolver problemas estruturais.
“O governo federal não tem políticas para aumentar a produção nacional. O aumento do poder de compra sem ampliar a oferta de produtos levará a mais inflação, juros altos e agravamento das desigualdades”, analisa.
O controle inflacionário, que deveria ser prioridade, parece distante. Holanda Junior prevê que a inflação continuará pressionando os brasileiros nos próximos meses, sobretudo em itens básicos como alimentos e combustíveis.
Fonte: Conexão Política