Logo depois do primeiro turno das últimas eleições, quando foram divulgados os nomes dos parlamentares eleitos para a nova composição do Congresso, muita gente ficou otimista quando constatou que houve um aumento do número de eleitos ligados ao espectro da direita.
Muitos chegaram a crer que a nova composição das principais casas legislativas do país representaria o sucesso total das pautas conservadoras a partir de 2023. Mas o que se observa, no apagar das luzes da legislatura em vigor, é que não se pode confiar nesses números, quando se trata de indivíduos que muitas vezes são movidos muito mais por interesses pessoais do que por insteresses ideológicos.
O futuro governo, mesmo tendo sido eleito através de uma fraude amplamente comprovada, já conseguiu vitórias significativas para os seus interessses no Congresso, sinalizando que muitos daqueles parlamentares que se declararam de direita para conquistar a confiança de parte significativa do eleitorado, depois de reeleitos, mudam de lado sem a menor cerimônia para ficar perto do poder que controla a chave do cofre.
Mesmo com um número expressivo de deputados federais e senadores de direita eleitos em 2018, a atual legislatura, que teve início em 2019 e se encerra neste ano, não trouxe tantos avanços em pautas conservadoras como era esperado pelos eleitores.
Embora tenha havido alguns pequenos progressos, como a aprovação da educação domiciliar na Câmara dos Deputados após dez anos de tramitação, foram poucos os projetos de lei aprovados de temas como defesa da vida e da família, medidas anticorrupção, combate à ideologia de gênero, redução de privilégios, controle fiscal, liberdades individuais e fortalecimento da segurança pública.
Diversas propostas sobre esses temas foram apresentadas, e muitas chegaram a progredir nas comissões da Câmara e do Senado. Parte delas, entretanto, está apta para ir a plenário há tempos, mas não foram por decisão dos presidentes das duas casas legislativas – Rodrigo Maia (PSDB-RJ), por exemplo, bloqueou deliberadamente as pautas de costumes durante o período em que foi presidente da Câmara.
Conforme parlamentares relataram à reportagem, há diferentes motivos que podem explicar o progresso limitado. O principal deles é a pandemia da Covid-19, que desde 2020 passou a tomar grande parte do espaço no Congresso, em temas relacionados tanto à saúde quanto aos impactos econômicos decorrentes da crise sanitária.
Além disso, durante o período mais sensível da pandemia todas as comissões das duas casas legislativas ficaram estacionadas, o que retardou o andamento de propostas que não mantinham relação com a crise de saúde.
A desorganização entre os próprios parlamentares de direita e até mesmo a falta de uma atuação mais enfática em discussões sobre temas sensíveis e caros ao conservadorismo também são apontados por congressistas ouvidos pela reportagem como elementos que dificultaram maiores conquistas.
Com informações da Gazeta do Povo