A proposta de emenda à Constituição (PEC) fura-teto, preparada por aliados do governo eleito e promulgada na última quarta-feira (21) pelo Congresso, deve aumentar o risco de desequilíbrio fiscal e a inflação e reduzir o crescimento econômico.
E, mais adiante, levar a um aumento de impostos para dar conta da forte expansão das despesas. A conclusão é de um estudo publicado pelo Instituto Millenium.
"Há significância estatística na quebra estrutural nas séries de juros futuros, com tendência de alta, para períodos em que o governo furou o teto ou manifestou algum ímpeto de descontrole fiscal", diz o documento.
"A consequência será um menor espaço do Banco Central para redução da taxa Selic, mantendo o custo da dívida bruta do governo federal em patamares elevados e reduzindo o crescimento econômico do país."
O trabalho é assinado por Marcelo Faria, presidente do Instituto Liberal de São Paulo (ILISP), e Wagner Vargas, cientista de dados especializado em políticas públicas.
Eles calculam que a emenda constitucional – batizada de PEC da Transição pela equipe de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) – permitirá um aumento de gastos públicos de R$ 215,2 bilhões, o equivalente a 2,4% do PIB.
Apesar da justificativa oficial da PEC, de viabilizar o pagamento de um auxílio mensal (o Auxílio Brasil, que será rebatizado de Bolsa Família) de R$ 600 aos mais pobres, com adicional de R$ 150 por criança de até seis anos, os autores afirmam que bastariam cerca de R$ 70 bilhões adicionais para esse fim.
A verba restante, de R$ 105 bilhões, suficiente para um benefício mensal de R$ 405, já estava garantida no Orçamento de 2023.
Com informações da Gazeta do Povo