Como se não bastassem todas as perspectivas negativas que se descortinam desde as primeiras declarações de Lula sobre responsabilidade fiscal, o futuro ministro da Fazenda, Fernando Haddad, antecipou que o próximo governo pode desfazer uma conquista importante dos dois antecessores do petista.
“Nós temos uma interface com a OCDE que não é pequena. Em relação à entrada na OCDE do Brasil, isso é uma política que vai ser definida pelo governo, não pelo Ministério da Fazenda.
É uma decisão de governo que vai ser reconsiderada pelo presidente Lula e vai revisitar esse tema a partir de janeiro”, afirmou Haddad no Centro Cultural Banco do Brasil, sede da equipe de transição.
No fim de janeiro deste ano, o conselho da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico aprovou um convite para que o Brasil e mais cinco nações (Argentina, Bulgária, Croácia, Peru e Romênia) iniciassem as negociações formais para a adesão ao “clube dos países ricos”, assim chamado porque a maioria de seus membros é de nações desenvolvidas, com PIB per capita alto e boas práticas socioeconômicas.
Em sua primeira passagem pelo Planalto, o petismo jamais teve interesse em aderir à OCDE – no máximo, assinou um acordo de cooperação em 2015, sob Dilma Rousseff.
A adesão passou a ser um objetivo brasileiro a partir de 2017, com Michel Temer, e que foi mantido por Jair Bolsonaro e sua equipe econômica.
Desistir do ingresso na OCDE, como Haddad dá a entender que Lula fará, será uma nova confirmação de uma sina brasileira, nas palavras de Roberto Campos: a de não perder uma oportunidade de perder uma oportunidade.
Quando finalmente abrem-se as portas para o acesso a um grupo que puxa seus membros para cima, o petismo parece querer mantê-las bem trancadas.
O que seria um impulso para o Brasil realizar as importantes reformas que segue relutando em fazer estará perdido, ao menos enquanto o petismo permanecer no poder. A nova “herança maldita” já começa a se desenhar.
Com informações da Gazeta do Povo