Depois da péssima repercussão durante a campanha eleitoral, de uma fala do ex-presdiário Lula em uma entrevista, defendendo o aborto como política de estado, os marqueteiros da campanha acharam melhor derrubar essa pauta.
Chegaram a ser divulgadas na grande imprensa aparelhada progressista, notícias que garantiam que o petista era contrário à prática do aborto e que tudo não havia passado de uma intriga da oposição para sujar a imagem dele.
Mas eis que o TSE declara Lula, surpeendentemente, o presidente eleito, e a defesa do aborto, que foi renegada por ele por oportunismo e demagogia nas vésperas da eleição, volta rapidamente a fazer parte do plano de governo.
A ministra das Mulheres, Aparecida Gonçalves, disse que, para o novo governo, "o aborto é questão de saúde pública". Ela afirmou ainda, em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, que prevê dificuldades com o Congresso, mas que "o que for possível avançar, nós vamos avançar".
A afirmação contraria a narrativa criada por Lula, às vésperas do segundo turno das eleições de 2022, de dizer ser contra o aborto, em uma tentativa de convencer os eleitores de que o seu governo protegeria os não nascidos.
"Para nós a questão do aborto é uma questão de saúde pública. É importante pensar que nós estamos terminando um ano em que o Estatuto do Nascituro estava aí no Congresso e nós quase perdemos. Se nós tivéssemos perdido ali naquele debate, o aborto teria sido encerrado de todas as formas. O que for possível avançar, nós vamos avançar. Agora se for para retroceder é melhor a gente assegurar o que está garantido em leis", disse a ministra.
A ministra Nísia Trindade, socióloga que assumiu o Ministério da Saúde, também disse que vai lutar pelos "direitos reprodutivos da mulher", um eufemismo para o aborto.