Wesley Oliveira/Gazeta do Povo
Desde que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) assumiu o governo, uma série exonerações de nomes ligados ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) estão sendo feitas.
Mas a "desbolsonarização" da gestão federal tem provocado paralisia e lentidão em alguns setores do governo por falta de servidores para tocar o dia a dia do serviço público.
A isso se soma a existência de um filtro ideológico principalmente contra antigos apoiadores da Lava Jato que vem atrasando a reposição dessas demissões com novas contratações para cargos de chefia e assessoramento.
Já há relatos de efeitos da "desbolsonarização" e do filtro ideológico na segurança pessoal de Lula, no pagamento de um novo benefício do Bolsa Família, na organização do plano nacional de vacinação e no enfrentamento das ameaças de derrubada de torres de transmissão de energia.
O caso da segurança pessoal de Lula envolve uma desconfiança dele próprio em relação aos militares do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência – órgão com status de ministério responsável pela guarda do presidente e dos palácios presidenciais. Lula ainda está morando em um hotel de Brasília e não no Palácio da Alvorada. E sua segurança vem sendo feita pela Polícia Federal (PF).
A estrutura de pessoal do GSI no governo do PT nem mesmo está definida justamente pela dificuldade de Lula encontrar militares de sua confiança. Desde os atos de vandalismo em Brasília, no dia 8 de janeiro, aumentou a desconfiança do petista em relação às Forças Armadas – que, para ele, estão contaminadas pela influência de Bolsonaro.
"Nós estamos num momento de fazer uma triagem profunda, porque a verdade é que o Palácio [do Planalto] estava repleto de bolsonaristas e de militares", afirmou Lula após os atos de vandalismo.