A eleição interna que vai decidir quem será o novo presidente do Senado é aguardada com grande ansiedade pela parte lúcida da população brasileira, que sabe que a escolha de um nome que não compactue com os abusos do judiciário, que tem desprezado as regras constitucionais, será fundamental para devolver a ordem institucional ao Brasil.
A retirada de Rodrigo Pacheco do cargo é vista como o alvo principal de uma mobilização organizada pelos senadores que querem ter o direito de cobrar dos ministros da corte suprema, explicações pelos abusos cometidos em grande escala nos últimos anos.
O atual presidente da casa tem uma postura reconhecidamente subserviente em relação ao judiciário e nem sequer permite que os processos para investigar o descumprimento da Constituição por parte dos togados saiam da gaveta.
Pacheco é acusado também de ter um escritório de advocacia com causas milionárias tramitando nas altas esferas da justiça, e este seria um dos motivos pelos quais ele não tem interesse algum em combater os abusos da corte.
Pacheco tem a favor dele a força da máquina pública, que agora está dominada pelo PT. Mesmo assim, a frente de resistência que tenta retirá-lo do cargo está otimista, apostando em dois fatores fundamentais de convencimento: dar o máximo de visibilidade aos votos, para que o povo saiba em quem cada senador votou, e demonstrar à maioria dos senadores, que os poderes do Congresso estão sendo usurpados pela atuação arbitrária do judiciário.
O União Brasil, o Podemos e o PSDB serão os fiéis da balança na eleição pela presidência do Senado, marcada para 1.º de fevereiro. O apoio de senadores desses três partidos será fundamental para o desfecho da disputa, que segue indefinida entre a reeleição do atual presidente da Casa, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), ou a vitória do senador eleito Rogério Marinho (PL-RN).
O PL atua para encaminhar um acordo que prevê o apoio do PP e do Republicanos. Juntos, os três partidos têm 24 senadores. A base de Marinho confia que possa contar com todos esses votos e ao menos uma dezena de outros.
Em parte, a confiança é atribuída por aliados às promessas do senador de independência do Senado em relação aos demais poderes, inclusive ao Supremo Tribunal Federal (STF). O Congresso tem se ressentido do que considera ser a intromissão do STF em assuntos do Legislativo.
Aliados de Marinho contabilizam ao menos 35 votos e entendem que é possível chegar a no mínimo de 41 votos – o que garantiria a vitória dele. Para isso, o senador Carlos Portinho (PL-RJ), que auxilia a coordenação da campanha, sustenta que os votos dos senadores do União Brasil, do Podemos e do PSDB são vitais.
"São os três partidos que vão definir a eleição para um [candidato] ou outro. Temos conversado com senadores dos três partidos e, se os trouxermos para nós, a gente tem capacidade de chegar a 44 votos", diz Portinho.
"Na minha conta, faltam poucos votos para a gente vencer", afirma. O senador encerrou a última legislatura como líder do governo no Senado na gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Já os mais próximos de Pacheco calculam que ele possa ultrapassar os 57 votos obtidos na eleição de 2021. A conta leva em consideração o acumulado das bancadas do PSD, MDB, União Brasil, PT, Podemos, PDT, Cidadania, Pros, PSB e Rede – que somados têm 53 senadores.
Com informações de Rodolfo Costa/ Gazeta do Povo