O presidente Lula (PT) decidiu exonerar o comandante do Exército general Júlio Cesar de Arruda (foto). Com a decisão, comunicada ao militar neste sábado (21), o comandante deixa o cargo apenas 22 dias após ser nomeado.
Arruma havia assumido o comando do Exército de forma interina no dia 30 de dezembro ainda na gestão Bolsonaro após acordo entre o atual da Defesa no governo Lula, José Múcio Monteiro, e o titular anterior da pasta, Paulo Sérgio Nogueira.
Após os ataques aos prédios dos Três Poderes, no último dia 8, a relação entre Lula e o general passou a ficar fragilizada. Um dos motivos foi que Arruda teria impedido a entrada de policiais militares do Distrito Federal no acampamento montado por manifestantes em frente ao Quartel General do Exército após os atos de vandalismo.
O novo comandante do Exército será o general Tomás Miguel Ribeiro Paiva, que era o segundo na lista de militares que poderiam se tornar comandantes no governo Lula conforme o critério de antiguidade.
A depredação das sedes dos três poderes em 8 de janeiro acentuou a desconfiança mútua entre militares e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) que já vinha de antes da posse.
Os atos de invasão dos prédios dos três poderes em Brasília levaram oficiais das Forças Armadas a levantar a hipótese de uma "autossabotagem" do próprio governo para supostamente beneficiar Lula – suposição que também está sendo feita por políticos de direita.
Por outro lado, o entorno do presidente levanta suspeitas sobre a atuação das Forças Armadas, que teriam favorecido o vandalismo em 8 de janeiro.
Militares da ativa e da reserva ouvidos pela Gazeta do Povo dizem repudiar os atos de vandalismo em Brasília em 8 de janeiro, mas desconfiam de uma autossabotagem do atual governo federal.
Entre generais e oficiais superiores há uma interpretação de que integrantes da gestão de Lula tenham deliberadamente afrouxado o esquema de segurança para facilitar a invasão ao Palácio do Planalto, ao Congresso e ao Supremo Tribunal Federal (STF). Com isso, o governo poderia se fazer de vítima, obter dividendos políticos e desgastar a direita.
Militares atribuem essa desconfiança a informações divulgadas pela imprensa, como a que revelou que o Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência da República dispensou um pelotão de agentes de segurança 20 horas antes da invasão às sedes dos três poderes.
Também há a informação de que a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) avisou sobre esse risco ao Sistema Brasileiro de Inteligência (Sisbin). A Abin é um órgão subordinado ao GSI, órgão responsável por coordenar as atividades de inteligência federal e que, historicamente, é chefiada por um militar.
O atual ministro é o general Gonçalves Dias. O Tribunal de Contas da União (TCU) determinou que os órgãos informem se tinham conhecimento dos alertas.
Com informações da Gazeta do Povo