É um verdadeiro tapa na cara da sociedade brasileira, que a primeira grande obra anunciada pelo novo governo, seja um investimento de bilhões de reais realizado fora do território nacional. Vem aí, financiado com o dinheiro dos seus impostos, o gasoduto da Argentina.
O anúncio feito nesta segunda-feira (23) pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de que bancos estatais brasileiros, como o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES ) e o Banco do Brasil, voltarão a financiar obras e serviços em outros países repercutiu mal no mercado financeiro.
Se já não bastasse a desconfiança de investidores quanto a indicações políticas para presidir estatais, como o ex-ministro petista Aloízio Mercadante no próprio BNDES e o senador Jean Paul Prates (PT) na Petrobras, o anúncio de Lula trouxe à tona a memória de calotes e escândalos do passado.
Nos 14 anos em que o PT esteve no poder, entre 2003 e 2016, o BNDES financiou empréstimos na ordem de US$ 11,8 bilhões para empresas brasileiras tocarem obras de infraestrutura em outros países, principalmente empreiteiras que depois foram envolvidas nas investigações da Operação Lava Jato, como Odebrecht, OAS, Andrade Gutierrez, Queiroz Galvão, entre outras.
As empresas venceram licitações para obras em países latino-americanos como Argentina, Venezuela, Cuba e Costa Rica, entre outros, além de nações africanas como Angola e Moçambique.
E, para cumprirem com as propostas vencedoras, recorreram a recursos do BNDES com juros subsidiados, mais acessíveis do que em outros bancos privados.
Relatório oficial com dados até 30 de novembro de 2022 (veja aqui) mostra que, dos US$ 11,8 bilhões concedidos em financiamento entre 2003 e 2016, o BNDES recebeu de volta US$ 9,6 bilhões até o momento. Ainda há mais US$ 2,1 bilhões a receber, do qual US$ 1,3 bilhão corresponde a empréstimos feitos à Venezuela que pararam de ser pagos.
Com informações da Gazeta do Povo