Por J. R. Guzzo/Gazeta do Povo
O papa Francisco está convencido que os regimes de esquerda na América Latina são forças positivas na “libertação” do continente – e por aí vamos.
É extraordinário, assim, que esse mesmo papa tenha tomado a decisão de denunciar a ditadura e o ditador da Nicarágua; deve ter achado que passaram de qualquer limite, na sua conduta como malfeitores. Quer dizer que até o papa está reclamando? Sim, até o papa está reclamando.
O papa Francisco denunciou a Nicarágua como uma “ditadura grosseira”. Disse que o ditador Daniel Ortega sofre de desequilíbrio. Manifestou, enfim, a sua indignação contra um dos últimos atos de delinquência da ditadura nicaraguense – a condenação do bispo Ronaldo Alvares a 26 anos de prisão pelo crime de “fake news” e por “desobedecer ao Estado”. Nem o STF, no Brasil, sonhou com tanto até agora.
É um escândalo de baixa qualidade que o Brasil, enquanto isso, continue dando todo o seu apoio à ditadura – acaba de recusar-se a assinar um documento de condenação à Nicarágua subscrito por 50 das maiores democracias do mundo.
Como rebaixar a política externa brasileira a esse grau de marginalidade e de isolamento perante o mundo democrático?"