Por Fábio Galão/Gazeta do Povo
Nos últimos anos, a esquerda venceu várias eleições presidenciais na América Latina, um fenômeno que recebeu o apelido de “Onda Rosa”. Entretanto, mal começou e essa tendência já dá sinais de grande desgaste – prova disso é a dificuldade que esses governos enfrentam para aprovar as reformas que estão propondo.
O caso mais recente ocorreu no Chile, onde a Câmara dos Deputados rejeitou na semana passada uma proposta de reforma tributária apresentada pelo governo de Gabriel Boric.Dois dias depois, Boric anunciou a troca de cinco ministros, repetindo uma reestruturação do gabinete que já havia ocorrido em setembro, depois que a população rejeitou em referendo uma proposta de nova Constituição para o Chile.
Na Colômbia, o governo Gustavo Petro conseguiu aprovar em novembro uma reforma tributária que aumentou impostos para os que ganham mais, mas suas propostas de reformas sanitária, trabalhista e da previdência são alvo de grandes protestos da população e geram até divergências internas.
O caso mais extremo de fracasso da esquerda na região ao tentar amplas reformas foi o do ex-presidente peruano Pedro Castillo. Em dezembro, ele tentou um golpe de Estado, ao anunciar a dissolução do Congresso, a instauração de um “governo de emergência” e a convocação de eleições para um novo Legislativo, com poderes constituintes, que deveria aprovar uma nova Carta Magna dentro de no máximo nove meses. Castillo foi destituído e preso no mesmo dia.
Em 2020, o Senado argentino aprovou uma reforma judicial proposta pelo presidente Alberto Fernández que criaria dezenas de novas varas federais, com o objetivo principal de diluir o poder dos juízes sediados na avenida Comodoro Py, em Buenos Aires, responsáveis por casos de corrupção. Apenas na capital, seriam 23 novas varas federais. Porém, o projeto não avançou na Câmara e perdeu o status parlamentar.