Por Karina Michelin
A França está em chamas, a visita do rei Charles da Inglaterra foi adiada - mais de 1 milhão de pessoas foram às ruas em todo o país pelo nono dia consecutivo.
Confrontos de rua foram registrados, anarquistas e black blocs infiltrados, direita e esquerda unidas para defender a democracia e sobretudo seus direitos que estão sendo pisoteados pelo governo autocrata de Macron - algo inadmissível para os franceses, que derramaram sangue em Normandia para defender a liberdade.
Mais de 3,5 milhões de pessoas protestaram em todo o país durante esses 9 dias, apenas em Paris foram registrados mais de 800 mil pessoas, de acordo com os sindicatos. A greve geral está causando um enorme distúrbio social e econômico.
Macron jogou ainda mais gasolina no fogo, em uma entrevista concedida ao Tf1 e ao France 2, na quarta-feira, 22 de março, onde ele afirma que não há como voltar atrás na reforma das pensões - o que causou ainda mais revolta nos manifestantes.
Na noite de ontem, 23 de março, a prefeitura de Bordeaux foi incendiada, os bairros estão cobertos de fogo e fumaça, e a polícia que ainda ontem espancava os manifestantes agora se tornaram vítimas dos mesmos.
Em Marselha o serviço ferroviário foi suspenso, os trilhos foram fechados pelo povo, vôos também estão sendo cancelados em todo o país. O caos foi instalado e parece cada vez mais distante uma normalização. A divisão entre o governo de Macron e o povo, rompeu definitivamente a corda que os ligava.
Vários bombeiros e policiais estão se juntando aos manifestantes a favor da abolição da reforma da previdência, e a renúncia de Macron. A França está caindo no abismo da anarquia, o país entrou em ebulição e será muito difícil Macron recuperar a confiança dos cidadãos.
Os próximos dias serão de ferro e fogo, além de serem cruciais para a luta popular. O que está em jogo é o braço de ferro entre quem governa e os governados - que não estão dispostos minimamente em negociar sua liberdades, direitos e muito menos em contribuir para a demolição da democracia.
Enquanto isso, o mundo assiste sem entender a real importância dessa luta, que também diz respeito a todos nós.