O estreitamento das relações diplomáticas entre Brasil e Rússia nos úlimos dias, já está sendo alvo de diversas manifestações de protesto pelo mundo afora, principalmente nos Estados Unidos e na União Europeia.
A maioria dos governos ocidentais, considera que a recente visita de Lula à China e a visita do chanceler russo ao Brasil logo na sequência, sinalizam um aproximação perigosa do Brasil com um bloco que, para americanos e europeus, representa uma ameaça à soberania do ocidente.
A situação ficou ainda pior, depois que o presidente brasileiro fez declarações criticando a Ucrânia, adversária da Rússia em uma guerra que já dura vários meses.
Lula chegou a sugerir durante um pronunciamento em sua visita à China, que o dólar não precisa necessariamente ser a moeda universal do comércio no planeta, o que representaria uma mudança radical no equilíbrio das forças geopolíticas e comerciais.
O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, disse nesta segunda-feira (17) que Brasil e Rússia "têm visões similares" em relação aos acontecimentos do mundo.
O enviado de Vladimir Putin, presidente russo, foi recebido no Itamaraty pelo chanceler Mauro Vieira, no Itamaraty, nesta manhã. Em uma declaração para a imprensa após o encontro, ambos criticaram as sanções impostas à Rússia por países ocidentais em decorrência da invasão russa à Ucrânia.
A reunião bilateral também tratou sobre comércio de fertilizantes, de produtos de origem animal e energia nuclear "para fins pacíficos".
"As visões do Brasil e da Rússia são similares em relação aos acontecimentos que ocorrem no mundo, e estamos atingindo uma ordem mundial mais justa, correta, baseando-se no direito, e isso nos dá uma visão de mundo multipolar", disse Lavrov.
A guerra entre Rússia e Ucrânia foi um dos assuntos tratados entre os dois chanceleres. Vieira reforçou a posição brasileira para que haja a construção de uma "solução pacífica para a guerra na Ucrânia", enquanto Lavrov agradeceu a "contribuição" brasileira e disse que a solução para o conflito precisa ser "resolvida de forma duradoura e não imediata".
"Inclusive [reforcei] a posição do presidente Lula para a formação de um grupo de países amigos que possam conduzir as negociações entre Rússia e Ucrânia para que possa se construir um acordo de paz duradoura", afirmou Vieira, acrescentando também que o Brasil é a favor de um cessar-fogo negociado, "com respeito aos direitos humanitários e uma solução negociada com vistas à paz duradoura".
Em sua declaração em Brasília, o chanceler russo culpou os países ocidentais e a Ucrânia pela guerra, um argumento que, em parte, também já foi usado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).