Por Eli Vieira/Gazeta do Povo
As Ilhas Salomão são um pequeno país do sudeste do Pacífico com menos de 800 mil habitantes. Foram um protetorado britânico até sua independência, em 1978, mas mantiveram o rei Charles III como chefe de Estado.
O arquipélago raramente chega ao noticiário de política, mas tem uma posição geográfica estratégica, já usada pelo Japão na II Guerra Mundial contra os EUA. Este ano, as Ilhas Salomão renovam sua relevância por causa de um político e sua resistência à influência do Partido Comunista Chinês na região.
Daniel Suidani (foto) foi governador (premier) da província de Malaita, a mais populosa do país, de junho de 2019 até fevereiro de 2023. Ele foi removido do cargo por um voto de não-confiança dos parlamentares locais. Ele diz que a razão disso é que ele desafiou interesses econômicos de chineses no país.
“Para eles, parece que é uma coisa normal vir ao meu escritório com um monte de dinheiro”, diz Suidani sobre os empresários chineses, a quem ele acusa de tentativa de suborno. “
Uma vez, fechei uma loja chinesa na minha província por não seguir o protocolo para operar no local, e eles me deram um monte de dinheiro, dizendo ‘esse dinheiro é para você e as suas crianças, para permitir que nossos negócios continuem, para que possamos dar mais emprego para o seu povo’”. A entrevista foi concedida à RFA (Radio Free Asia, financiada pelo governo dos EUA) na terça passada (2).
O valor da propina oferecida e recusada teria sido de US$ 120 mil (R$ 594 mil). Foram três moções de não-confiança avançadas contra o político até uma funcionar.
O apoio popular foi substancial nas primeiras duas tentativas, porém, na terceira, “o governo central usou barcos de patrulha, armas de fogo e a polícia para acalmar os manifestantes”, explica Suidani. “Antes [da votação] da moção, a polícia fechou as estradas. Agora, ninguém na província tem coragem de se manifestar pela democracia, pela liberdade”.