Tudo indica que os conservadores “ganharam, mas não vão levar” as eleições antecipadas na Espanha. No último domingo (23), os espanhóis votaram para a formação do novo parlamento, com especial destaque para a câmara baixa, onde é formado o governo no sistema parlamentarista espanhol.
O desempenho do partido conservador em meio ao parlamento fragmentado torna o futuro espanhol incerto no curto prazo.
Os partidos da direita se dividem entre uma ala mais radical e outra moderada, que precisarão entrar em acordo para que haja maioria suficiente para gerar governabilidade.
Se isso não acontecer, a esquerda, que está mais coesa, poderá continuar no comando do país mesmo com a derrota nas urnas.
As eleições do último domingo estavam originalmente previstas para dezembro, mas foram antecipadas pelo primeiro-ministro Pedro Sánchez, líder do Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE), no final de maio.
O motivo oficial foi a derrota marcante do PSOE nas eleições locais e regionais, mas Sánchez fez uma aposta para evitar maior crescimento da oposição, especialmente do partido neofranquista Vox.
Seu cálculo era o de que o conservador Partido Popular e o Vox poderiam fazer alianças e viabilizar governos regionais, contribuindo para uma ampliação do Vox e, principalmente, para o fim do potencial tabu que seria uma aliança nacional entre PP e Vox.
Esse tabu se dá pelo fato de setores do PP rejeitarem a negociação com o Vox pelas bandeiras do partido, como o resgate da imagem de Franco e a crítica à nova lei de crimes sexuais.
Outro fator de crescimento do Vox é o fato de o PSOE ter se fiado nos partidos separatistas, republicanos e de esquerda radical para governar, três bandeiras rejeitadas pelo Vox.
Essa aproximação alienou parte do eleitor moderado, que historicamente flutua entre as duas forças tradicionais, o PSOE e o PP. Esse eleitor, justamente, migrou para o PP, e não para o Vox, como algumas pesquisas apontavam.
Fonte: Gazeta do Povo