Por Rodrigo Oliveira*
Sócrates, com sua ironia, utilizava-a como um médico habilidoso emprega seus remédios para curar seus pacientes. Diógenes, conhecido como o cão, praticava o humor escrachado, buscando despertar a virtude nos espectadores.
Aristófanes, por sua vez, compunha comédias com o objetivo de libertar o público das paixões violentas que os aprisionavam.
E assim como os grandes trágicos gregos – Ésquilo, Sófocles e Eurípedes – concebiam suas peças teatrais, também com a intenção de despertar reflexões e induzir os cidadãos à vida ordenada.
Sêneca, em sua sabedoria, não poupou esforços ao redigir inúmeras cartas a seu amigo Lucílio, buscando persuadi-lo a trilhar o caminho da virtude.
E, por sua vez, Jonathan Swift, através de sua sátira afiada, desnudava a natureza humana, expondo sem rodeios a tendência à depravação e ao ridículo de seus conterrâneos.
Todos esses grandes filósofos e escritores foram julgados por ousarem desafiar a vida cômoda e viciosa, ao confrontarem as pessoas com verdades desconfortáveis.
Eles atuavam como médicos da alma, buscando despertar a consciência e estimular a busca pela virtude, muitas vezes enfrentando resistência e perseguições por parte da sociedade.
No entanto, suas contribuições foram valiosas para o desenvolvimento humano, nos lembrando da importância de confrontar nossas mesquinharias e buscar um caminho mais elevado.
*Escritor/Professor de Filosofia
Livro: Ensaios sobre os deuses depressivos