O ministro da Justiça, Flávio Dino, deverá percorrer um campo minado no Senado para chegar ao Supremo Tribunal Federal (STF), caso o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) confirme o favoritismo e indique seu nome para ocupar a vaga deixada pela saída da ministra Rosa Weber no mês passado.
A personalidade de Flávio Dino, as suas ações de cunho midiático e o seu protagonismo em polêmicas causam desconforto em titulares da Esplanada e líderes partidários da aliança pró-Planalto.
A suspeita de omissão nos atos de vandalismo do 8 de janeiro foi agravada pelo obstáculo às investigações erguido por sua própria pasta, que sonegou a entrega de imagens captadas no dia, e pelos seus aliados na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dedicada ao tema.
Mas o principal fator a jogar contra sua indicação ao STF está no comando do Senado, cuja resistência opera de forma discreta, em paralelo às barulhentas de direita da Câmara.
Em combinações com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), o presidente da poderosa Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), planta dificuldades para o caminho de Dino até o STF, sob o aplauso dos senadores de oposição e até de alguns da base do governo.
Caso o ministro seja indicado por Lula, ele terá de ser sabatinado e aprovado pela CCJ, antes de o seu nome ser levado ao crivo do conjunto dos 81 senadores em plenário. A primeira dificuldade está no agendamento desses procedimentos no colegiado, que poderão ficar para 2024.
Fonte: Gazeta do Povo