A Organização das Nações Unidas (ONU) escolheu o Irã para presidir o Fórum Social do Conselho de Direitos Humanos, que ocorre nesta quinta-feira, 2, e na sexta-feira 3. O evento será em Genebra, na Suíça.
Nesta semana, o Irã prendeu uma advogada reconhecida internacionalmente pela defesa dos direitos humanos.
O fórum deste ano tem como tema a "contribuição da ciência, tecnologia e inovação para a promoção dos direitos humanos, incluindo o contexto da recuperação pós-pandemia".
Chama atenção o último assunto a ser tratado no fórum. Isso porque, segundo uma investigação da BBC News Persa, o Irã escondeu cerca de dois terços das mortes por covid-19 em 2020.
O país também é conhecido mundialmente pela "polícia dos costumes", que prende e mata mulheres que não utilizam corretamente o hijab — véu que cobre os cabelos e o corpo das mulheres muçulmanas.
Segundo a Fars, agência de notícias local, uma adolescente de 17 anos foi espancada por usar o hijab de forma errada. Ela morreu em 22 de outubro.
Além disso, o Irã tem mais de 40 jornalistas presos e passou a permitir execuções por motivos políticos.
O país é financiador de dois grupos terroristas envolvidos nos massacres de civis em Israel, Hamas e Hezbollah.
A jornalista brasileira radicada na Itália, Karina Michelin, escreveu o seguinte artigo depois do anúncio da escolha do Irã para a presidência do Fórum:
No dia em que assumiu a presidência do Fórum Social do Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas, o regime do aiatolá - quando o sol estava nascendo e as cidades ainda dormiam ( o momento preferido do regime para punir os cidadãos que infringem as suas leis) - enforcaram Sadeq Tajik e Yadollah Farokhi.
Uma infeliz coincidência?
Vejamos: Se Ali Khamenei tivesse assumido a presidência dois dias antes, segundo a ONG Hrana, teria iniciado a presidência enquanto executava outros cinco presos; seis dias antes, teria coincidido com a data da morte de Armita Garavand, a jovem de dezesseis anos morta pela polícia moral porque não usava véu.
Não há uma hora no Irã em que não haja uma detenção injusta, um ataque por causa de cabelos à mostra, uma ameaça por uma publicação nas redes sociais, um enforcamento.
O Fórum de Genebra é uma reunião sobre direitos humanos, uma reunião mais simbólica do que decisiva, mas isto não acalma a ira do povo iraniano que se pergunta como é que a ONU pode deixar os direitos humanos nas mãos da República Islâmica? Um apoiador do Hamas, que mata Mahsa Amini e tantas mulheres?
Somente no mês de outubro, no Teerã, 78 prisioneiros foram enforcados. E são eles, que hoje ocupam a Presidência do Fórum Social do Conselho de “Direitos Humanos” - o mundo não poderia ser mais distópico e insano.
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