Não há garantia alguma de que a Argentina vá trilhar daqui pra frente o caminho da recuperação econômica e da prosperidade. Mas nada poderia ser pior do que a continuação no poder da esquerda peronista que estava destruindo literalmente o país.
Os eleitores argentinos fizeram o papel deles nas urnas, retirando os incompetentes corruptos do poder. Resta saber qual será o desempenho do novo presidente, já que governar é bem mais difícil do que simplesmente ganhar a eleição.
Javier Gerardo Milei é o presidente eleito da Argentina. Deputado em seu primeiro mandato, o economista natural da capital Buenos Aires acaba de conquistar, aos 53 anos, o direito de comandar a Casa Rosada pelos próximos quatro anos.
O economista, que inicialmente aparecia como o favorito das eleições presidenciais por causa do resultado da PASO (Primárias Abertas Simultâneas e Obrigatórias), ficou em segundo lugar no primeiro turno e precisou correr atrás para conseguir angariar votos do centro para conseguir chegar à presidência.
Antes mesmo da divulgação do resultado oficial, seu adversário no segundo turno, o peronista Sergio Massa, fez um pronunciamento no início desta noite reconhecendo a derrota. “Me comuniquei com Javier Milei para felicitá-lo e desejar-lhe sorte”, afirmou.
A eleição, uma das mais importantes da história da Argentina e marcada pela polarização, foi bastante acirrada, com os dois candidatos disputando voto a voto.
As pesquisas realizadas e divulgadas antes da eleição mostravam cenários contraditórios: ora com Milei na liderança, ora com Massa na frente.
Os argentinos precisaram escolher entre a continuação do sistema político que há anos comanda o país e uma mudança radical que nunca havia sido testada.
O libertário Javier Milei desbancou a hegemonia do peronismo, que havia vencido seis das nove eleições presidenciais desde a redemocratização na Argentina, em 1983.
A posse do libertário será em 10 de dezembro.
Eleito para presidir a Argentina até 2027, ele tentará a partir de 10 de dezembro, data da sua posse, implementar uma série de medidas que vão na contramão do populismo esbanjador do kirchnerismo, que governou a Argentina em 16 dos últimos 20 anos.
O libertário promete implantar um forte controle das contas públicas: em uma reunião virtual em agosto com uma equipe do Fundo Monetário Internacional (FMI), se comprometeu a fazer um ajuste fiscal mais rigoroso do que o exigido à Argentina pelo fundo.
Suas principais promessas durante a campanha foram a dolarização da economia argentina e o fim do Banco Central. Milei disse que a moeda argentina é “um excremento”, o que motivou em outubro a abertura de um processo por parte do presidente Alberto Fernández, sob a alegação de que a declaração do libertário motivou uma grande busca por dólares e por consequência a disparada do valor da moeda americana.
Em entrevista ao El País durante a pré-campanha, Milei justificou que, para frear a inflação, é necessário “tirar a máquina de impressão de dinheiro dos políticos” e que a Argentina era “o país mais rico do mundo quando não tinha um Banco Central”.
O libertário também disse que pretende retirar seu país do Mercosul. “O Mercosul é uma união aduaneira de má qualidade, que cria distorções comerciais e prejudica todos os seus membros”, justificou.
Na política externa, Milei afirmou que não pretende manter parcerias com a China e com governos sul-americanos de esquerda (“Não tenho parceiros socialistas”, afirmou) e que sequer pretende se reunir com o presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Nas áreas de educação e saúde, também prometeu grandes mudanças. Na primeira, Milei propõe um sistema de vouchers, para que os pais escolham onde seu filho vai estudar.
Na saúde, seu plano é a criação de um seguro universal, por meio do qual pacientes e profissionais fariam acordos sobre os valores a serem pagos pelos serviços.