A vitória de Javier Milei na Argentina abalou a hegemonia da esquerda na América do Sul e animou políticos de direita no Brasil e em outros países.
A maioria das nações do continente segue dominada por governos esquerdistas. No entanto, é possível perceber que a região iniciou uma inflexão à centro-direita e direta após as vitórias de Santiago Penã (Paraguai), de Luis Lacalle Pou (Uruguai) e, mais recentemente, de Daniel Noboa (Equador).
A vitória de Milei representa, acima de tudo, a derrota do Kirchnerismo, do Peronismo e do Socialismo que há décadas dominam a política argentina.
A vitória de Milei representa também um novo capítulo para as ideias de liberdade na tão sofrida América Latina: na Venezuela de Nicolás Maduro e do bolivarianismo chavista; na Colômbia de Gustavo Petro, das guerrilhas e do narcotráfico; no Chile de Gabriel Bóric e da tentativa fracassada de criar uma Constituição progressista; na Bolívia de Luis Arce e de Evo Morales; no México de Andrés Obrador e da violência dos cartéis; na Nicarágua de Pedro Ortega e da perseguição religiosa; no Brasil do lulopetismo e da democracia relativa.
Passaram-se 64 anos desde as palestras de Mises em Buenos Aires. Na ocasião, as lições de Mises não foram devidamente assimiladas pelo grande público argentino, e o país mergulharia em uma espiral de intervencionismo e empobrecimento.
Hoje, com 40% da população na pobreza e uma inflação de mais de 140%, os argentinos abraçam uma nova oportunidade para as ideias da liberdade
Só o tempo vai dizer se Milei, o primeiro presidente declaradamente anarcocapitalista da América Latina, será capaz de imprimir as mudanças que a Argentina tanto precisa. Mas o sinal que sua eleição envia a toda América Latina nos renova. O segundo maior país da América Latina nos mostra que há esperanças.
Em pronunciamento diante de apoiadores neste domingo (19) em Buenos Aires, o presidente eleito Javier Milei disse que, nessa “noite histórica”, começa a “reconstrução” da Argentina.
No segundo turno da eleição presidencial, o libertário bateu o peronista Sergio Massa, candidato apoiado pelo presidente Alberto Fernández.
No seu discurso, Milei agradeceu a quem colaborou para o “milagre” da Argentina eleger um presidente libertário, entre eles, o ex-presidente Mauricio Macri (2015-2019) e sua ex-ministra Patricia Bullrich, terceira colocada no primeiro turno, que declararam apoio ao libertário e inclusive colocaram fiscais eleitorais para ajudar os da Liberdade Avança, coalizão do presidente eleito.
“Hoje, começa o fim da decadência argentina. Hoje, começamos a virar a página da nossa história e a retomar o caminho do qual nunca deveríamos ter saído”, disse Milei. “Hoje, acaba a ideia de que o Estado é um butim a ser dividido entre os amigos.”