A independência entre os três poderes da República é um requisito básico para o funcionamento de uma democracia saudável.

O poder judiciário, mais do que os outros dois, deve primar pela discrição e sobretudo pela isenção, para que possa entra em ação como árbitro insuspeito nas questões controversas que se apresentem.

Diante disso, qualquer manifestação ostensiva de intimidade entre representantes dos outros poderes com os membros do judiciário, como entre deputados e juízes, ou entre representantes do excutivo e magistrados, é vista como inadequada e perigosa para os interesses da coisa pública. 

No Brasil. no entanto, essa barreira da decência foi completamente derrubada, não restando mais nenhuma postura que possa conferir um mínimo de credibilidade a essas instituições.

Outra instiutição que também anda com baixíssima credibilidade junto ao povo em geral, é a das Forças Armadas, que por não se posicionarem firmemente diante dos abusos cotidianos praticados nas várias esferas do poder, que culminaram com a tomada do poder por um grupo que até bem pouco tempo estava ocupando as cadeiras dos réus nos tribunais, viraram  motivo de chacota.

Se alguém tiver dúvida sobre o descrédito quase total das Forças Armadas é só entrar nas redes sociais de qualquer uma delas e ler a maioria dos comentários em qualquer postagem. São tratados como verdadeiros traidores da pátria, e o pior, paracem não estar ligando muito pra isso.

A agenda do presidente da República na última terça-feira revelou toda a promiscuidade que se estabeleceu nos bastidores do poder.

Instituições com as quais o povo contava para estancar os abusos, sentam para almoçar e jantar com os abusadores e para tramar novas jogadas das quais a população só enxerga os resultados, geralmente amargos e ipregnados de injustiças.

Por volta de 12h30, da terça-feira 19, o presidente Lula almoçou com o ministro da Defesa, José Mucio, e os três comandantes das Forças Armadas, Tomás Paiva (Exército), Marcos Sampaio Olsen (Marinha) e Marcelo Damasceno (Aeronáutica), em Brasília.

Depois de um discurso protocolar de Damasceno, com elogios à Força, e a apresentação de oficiais-generais, mais cumprimentos e uma exibição de música da Força Aérea Brasileira, o almoço foi servido.

Conforme auxiliares, o clima do evento era de descontração.

De acordo com uma pessoa que esteve no evento, a primeira-dama Janja não compareceu à confraternização.

A petista não confia nos militares, sobretudo depois dos protestos de 8 de janeiro.

Por isso, sua segurança é feita por agentes da Polícia Federal, em vez de homens do Gabinete de Segurança Institucional.

Jantar de Lula com ministros do STF

Na noite de terça, depois do evento com os militares, Lula esteve na casa do presidente do STF, Luís Roberto Barroso.

Com Lula, estavam Janja, Flávio Dino e o advogado-geral da União, Jorge "Bessias".

De todos os ministros da Corte, apenas André Mendonça e Cármen Lúcia não compareceram.

Alguns convidados levaram a esposa, como Gilmar Mendes, Alexandre de Moraes e Luiz Fux.

Diferentemente do almoço com os militares, o jantar com os ministros teve ar de encontro institucional, segundo um convidado.

Lula depende da ajuda da Corte para lidar com assuntos de interesse do governo, como, por exemplo, reverter a derrubada dos vetos ao marco temporal de terras indígenas e à desoneração da folha de pagamento.

Com informações da Revista Oeste