O Brasil assistiu com perplexidade, nesta quinta-feira, à Operação Tempus Veritatis, desencadeada pela Polícia Federal por decisão do ministro do STF Alexandre de Moraes, e que tinha como alvos o ex-presidente Jair Bolsonaro e diversos de seus aliados, incluindo ex-ministros, seu candidato a vice em 2022 e ex-assessores presidenciais.
Dezenas de mandados de busca e apreensão foram executados, com quatro prisões preventivas decretadas até o momento.
Bolsonaro teve de entregar seu passaporte, o que aconteceu no início da tarde, e se comprometer a não entrar em contato com os demais investigados.
A decisão, de pouco mais de 130 páginas e com data de 26 de janeiro, traz transcrições de conversas entre vários dos investigados referentes à organização de atos populares de repúdio à vitória eleitoral de Lula em 15 de novembro de 2022, mas especialmente preocupante é a descrição feita pela Polícia Federal do que teria acontecido em torno da chamada “minuta do golpe”: uma proposta de decreto presidencial redigida, segundo a PF, pelo então assessor Filipe Martins e pelo advogado Amauri Saad, que previa a anulação das eleições de outubro, com realização de novo pleito, e a prisão de autoridades, incluindo dois ministros do STF – Moraes e Gilmar Mendes – e o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG).
O que não revela a tal investigação, é a real necessidade de responsabilizar aqueles que seriam punidos na suposta tentativa de "golpe".
Não seria mesmo necessário, por conta de condutas abusivas e ilegais praticadas, prender as autoridades apontadas na minuta?
Essas autoridades estavam e continuam agindo dentro do que determina a nossa Constituição?
Ou será que elas necessitavam e necessitam de um freio e que, na verdade, o suposto "golpe" pretendia trazer as coisas de volta à ordem?
Aguardamos, com muita expectativa, as respostas para esses questionamentos, e as cenas dos próximos capítulos dessa novela de mau gosto chamada Brasil.