Ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) estão normalizando o expediente de mandar via imprensa recados que interferem no jogo político.
Anonimamente ou em entrevistas, alguns magistrados têm deixado de lado o pudor de indicar parcialidade, de mostrar como deverão votar e até de ameaçar quem se opõe a suas decisões.
Recados anônimos vindos dos ministros tornaram-se habituais nos últimos meses em grandes órgãos de imprensa.
Em fevereiro, um ministro não identificado teria afirmado, de acordo com um colunista, que, se o ex-presidente Jair Bolsonaro dissesse um "ai" sobre o STF na manifestação de 25 de fevereiro, seria preso.
O mesmo recurso do recado anônimo foi usado no fim do ano passado durante a discussão sobre a votação da PEC contra decisões monocráticas, aprovada em novembro de 2023 no Senado.
O magistrado em questão teria enviado uma mensagem de WhatsApp para uma jornalista afirmando: "A lua de mel com o governo acabou".
A Constituição proíbe o anonimato, contudo, no jornalismo, a possibilidade do sigilo da fonte é reconhecida.
O principal objetivo dessa exceção é proteger fontes de informações importantes contra potenciais retaliações, em nome do interesse público; mas, nos casos em questão, com frequência, o sigilo da fonte tem atendido a interesses dos próprios ministros.
Fonte: Gazeta do Povo