Acreditar naquilo que os políticos prometem, seja nos palanques eleitorais ou durante o exercício de mandato, frequentemente se torna motivo para decepções e arrependimentos.
Foi o que aconteceu com quem apostou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva falava sério quando, em janeiro de 2023, poucos dias após assumir o governo, disse que quem fizesse “algo errado” dentro da administração petista seria “convidado a deixar o governo”.
Lula parece ter uma ampla tolerância – para não dizer outra coisa – com ministros dados a se meterem em confusões, como o atual ministro das Comunicações, Juscelino Filho, do União Brasil, partido com a terceira maior bancada na Câmara dos Deputados e a quarta maior no Senado.
Manter o ministro talvez seja a contrapartida necessária para que Lula possa contar com o apoio de pelo menos parte da bancada do União no Congresso Nacional. Um alto preço a se pagar, levando-se em conta o grau das acusações de malfeitos que pesam sobre o atual ministro.
Juscelino Filho é o mesmo que no ano passado recebeu diárias pagas com dinheiro público e voou em jato da Força Aérea Brasileira para cuidar de seu hobby, a criação de cavalos da raça Quarto de Milha.
Na época, o ministro devolveu o dinheiro das diárias e acabou “perdoado” por Lula. As coisas se complicaram muito desde então, com o ministro se enrolando cada vez mais em suspeitas de malfeitos, mas Lula parece irredutível e nem um pouco disposto a mandar Juscelino para casa.
Atualmente, o ministro é alvo de um inquérito da Polícia Federal que apura o uso irregular de emendas do orçamento para obras no Maranhão em 2022.
Ele deve depor na próxima semana para tentar explicar o envio de R$ 7,5 milhões em emendas para obras de pavimentação no município de Vitorino Freire (MA), administrado por Luanna Rezende, irmã do ministro.
A maior parte do dinheiro foi destinada para a execução de obras de pavimentação de uma estrada vicinal que passa por pelo menos oito propriedades da família de Juscelino na região.
Fonte: Gazeta do Povo