O presidente argentino Javier Milei está apostando em reforçar o antagonismo ideológico com o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para disputar com ele a liderança regional na América do Sul e também se projetar mundialmente como líder de direita, segundo analistas ouvidos pela Gazeta do Povo.
Milei bateu boca com Lula pela imprensa na semana passada, chamando novamente o presidente brasileiro de corrupto e comunista após Lula exigir dele um pedido de desculpas pelas "ofensas" proferidas inicialmente em 2023.
Também compareceu à Conferência de Ação Política Conservadora (CPAC) ao lado do ex-presidente Bolsonaro no domingo (7) em Santa Catarina e faltou à reunião de cúpula do Mercosul na segunda-feira (8) no Paraguai.
Segundo o consultor de comércio internacional da BMJ Consultores Associados, Guilherme Gomes, o Brasil exerce naturalmente um papel de liderança na América Latina. O país tem a maior economia, com um Produto Interno Bruto de US$ 2,3 trilhões, seguida por México (US$ 2 trilhões) e Argentina (US$ 604 bilhões).
Mas Buenos Aires tem um desejo latente para assumir a liderança regional, ao menos entre os países da América do Sul. Na opinião do analista, Milei vê na "janela da polarização ideológica" uma oportunidade para disputar a liderança política da região com Lula.
No último domingo, 7, mais de 3 mil pessoas lotaram um pavilhão do Expocentro Balneário Camboriú, em Santa Catarina — a capacidade máxima da estrutura. A fria manhã catarinense não reduziu o entusiasmo de quem pagou R$ 249 para participar do CPAC Brasil, o maior evento conservador da América Latina.
Discursaram na conferência personalidades como o ex-presidente Jair Bolsonaro, o deputado federal Nikolas Ferreira, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, mas a estrela principal foi o presidente argentino, Javier Milei.
Numa comparação rápida, nos tradicionais festejos do Dia do Trabalhador, em 1º de maio, num ato gratuito organizado por sindicatos no estádio do Corinthians, em São Paulo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva mal conseguiu juntar um terço das pessoas que foram assistir a Milei — um argentino
Fonte: Gazeta do Povo/Revista Oeste