Após a declaração de vitória de Nicolás Maduro nas eleições presidenciais de domingo, 28, o governo brasileiro, liderado por Luiz Inácio Lula da Silva, não colocou em dúvida o resultado do pleito na Venezuela, em contraste com a reação imediata de outros países da América do Sul.
Até a madrugada desta segunda-feira, 29, o Brasil não havia se pronunciado sobre a controversa vitória do líder chavista, mas decidiu emitir uma nota tímida, sem citar fraudes nem denúncias.
A oposição venezuelana aponta fraudes no processo eleitoral, alegando que não teve acesso a 70% das atas eleitorais. Sessões eleitorais permaneceram abertas além do horário em áreas favoráveis a Maduro, enquanto em regiões opositoras, houve relatos de intimidação e obstáculos para votar.
Celso Amorim, assessor de assuntos internacionais do Planalto, foi enviado a Caracas como observador. Em nota divulgada no domingo à noite, Amorim afirmou que aguardaria o posicionamento dos observadores internacionais permitidos pelo regime de Maduro.
Ele destacou que ambos os lados deveriam respeitar o resultado e mencionou a necessidade de esperar o fechamento das urnas, já que algumas ainda estavam abertas.
A postura do governo brasileiro é única na região. Além da Bolívia, Guiana e Suriname, todos os outros países sul-americanos demonstraram preocupação com a demora na apuração e as suspeitas de fraude.
Até mesmo governos de esquerda, como os de Gabriel Boric no Chile e Gustavo Petro na Colômbia, fizeram críticas mais severas do que as do Brasil contra Maduro.
As relações entre Brasil e Venezuela foram retomadas com a volta do PT ao poder em 2023. Durante o governo de Jair Bolsonaro, o Brasil havia reconhecido Juan Guaidó como presidente legítimo da Venezuela e rompido relações com o chavismo. Sob a liderança de Mauro Vieira e Celso Amorim, a diplomacia brasileira trabalhou para reestabelecer laços com Maduro.
Além disso, nos primeiros meses de governo, Lula ofereceu apoio diplomático e político a Maduro, recebendo-o com honras no Planalto, durante uma reunião com chefes de Estado sul-americanos para relançar a União de Nações Sul-Americanas (Unasul), ação duramente criticada por lideranças globais.
Fonte: Conexão Política