Por Alexandre Garcia/Revista Oeste
Pior é o silêncio cúmplice, no Brasil, em relação ao mais impactante documento sobre a eleição venezuelana: a carta de 30 ex-presidentes latino-americanos ao presidente Lula.
O verbo usado para se dirigirem ao presidente do Brasil foi ‘exortamos’. Exortaram o presidente Lula a fazer prevalecer a democracia na Venezuela. Disseram a Lula que acontece um escândalo e admiti-lo ferirá de morte os esforços pela democracia e direitos humanos no continente.
Não são simples militantes políticos. São ex-presidentes, experientes, que conduziram suas nações com democracia. Eles sabem que o Brasil torpedeou a tentativa de pressionar Maduro pelo foro óbvio, que é a Organização dos Estados Americanos.
A OEA não teve os 18 votos necessários para uma resolução por direitos humanos e transparência eleitoral porque faltou o voto do Brasil, enquanto Celso Amorim manobrava para tirar a OEA da solução e juntar ao Brasil o México e a Colômbia, numa pressão que não emparedasse Maduro.
Os ex-presidentes endereçaram a Lula porque o consideram responsável por Maduro. Não exortaram Petro, da Colômbia, nem Obrador, do México, porque sabem quem pilota a defesa de Maduro.
Pois Lula fingiu não ter recebido a carta, e o jornalismo tradicional finge que a carta não existiu. Faz lembrar Millôr Fernandes: deixou de ser jornalismo para ser armazém de secos e molhados.