As eleições de 2024 ainda não chegaram ao fim, mas os resultados do primeiro turno já revelam um dado significativo: a direita continua em processo de crescimento, especialmente nas periferias e entre os mais pobres.
O avanço, que também se solidifica entre a classe média, é fruto de uma mudança no cenário eleitoral, com impactos de larga escala nas grandes cidades.
Em São Paulo, por exemplo, os votos do último dia 6 de outubro apontaram uma divisão clara. Ricardo Nunes e Pablo Marçal lideraram em zonas eleitorais de classe média e nas periferias da capital, enquanto Guilherme Boulos foi o preferido no centro, onde se encontram bairros mais nobres e elitizados, como Jardins, Perdizes, Higienópolis, Bela Vista e Morumbi.
Embora Boulos também tenha recebido apoio em áreas humildes, esses votos são bem menores quando comparados aos de seus adversários.
A mudança no perfil do eleitorado foi tema de um artigo recente da coluna Ricardo Noblat, publicado no portal Metrópoles, que questiona: “Por que os pobres votam cada vez mais à direita?”.
É observado que, enquanto antes os ídolos da classe popular eram revolucionários da esquerda, hoje os ventos políticos parecem estar soprando em outra direção.
De fato, os números eleitorais mostram um avanço eloquente da direita. A esquerda perdeu espaço nas grandes cidades, onde o eleitorado agora busca candidatos conservadores que oferecem soluções mais pragmáticas, em vez das promessas tradicionais.
Isso é preocupante para a esquerda, já que os ricos não são os que decidem as eleições no Brasil — quem elege prefeitos, governadores e presidentes são os pobres, que compõem 90% da população, ganhando menos de R$ 3.500 por mês.
Desde 2013, com a explosão dos protestos de rua, e especialmente após 2015, com a ascensão de movimentos bolsonaristas, a direita tem conquistado espaço em áreas antes dominadas pela militância de esquerda.
A tendência se repete não apenas em São Paulo, mas também no Rio de Janeiro e em outras partes do Brasil, onde o direitismo nas periferias vem crescendo de forma contínua.
Fonte: Conexão Política