Por J. R. Guzzo/Revista Oeste
Não há nenhuma ordem, nem oral, de Bolsonaro aprovando o assassinato de Lula por envenenamento, a mais grave acusação da PF no inquérito, ou qualquer das miragens atribuídas aos 37 golpistas.
Não há nenhuma menção ao tipo de veneno que seria usado para matar o presidente — e nem por que os líderes militares do golpe, todos eles com acesso legal a armas de fogo, precisariam de veneno para realizar o seu plano.
Um padre de Osasco faria parte do ‘núcleo jurídico’ do golpe. Um padre no ‘núcleo jurídico’? Por que um padre? O golpe, aliás, teria “seis núcleos”.
Nenhum dos acusados, em nenhum lugar, fala em núcleo de coisa nenhuma. Foi a PF que inventou a coisa dos ‘núcleos’ — e passou a apresentar a sua criação como prova do crime.
Não está claro, como nunca esteve desde o começo dessa história, por que Bolsonaro não deu o golpe de que é acusado quando era presidente da República e comandante em chefe das Forças Armadas.
Não há, em nenhum ponto do inquérito, qualquer indício de que ele tenha tentado dar alguma ordem nessa direção, nem direta nem indireta.
Se ele tinha algum desejo real de impedir a posse de Lula e continuar na Presidência, por que saiu do governo, até antes da hora certa, foi para os Estados Unidos e só depois tentou dar o golpe — sem um único e escasso pelotão de tiro de guerra, e com uma turba de motoboys, barbeiros e até um autista, em vez de generais de Exército, brigadeiros do ar e almirantes de esquadra?
Vai saber. A PF não oferece sugestões.