Juros elevados. Crédito mais restrito, com empresas como a Americanas em crise e inadimplência elevada. Fim do impulso econômico pós-Covid. Ruídos do governo, pressionando expectativas de inflação e taxas de juros.
A combinação desses fatores está contribuindo para uma desaceleração cada vez mais evidente na atividade econômica. Um dos retratos foi o encolhimento de 0,2% do PIB no quarto trimestre.
O quadro, porém, não é homogêneo. As expectativas no campo são muito favoráveis, diante do cenário de uma supersafra de grãos. Nos serviços, a taxa de crescimento ainda é vistosa, mas o ritmo de expansão vem perdendo força.
No comércio, as expectativas são de mais um ano de crescimento abaixo de 2%, situação que se repete desde 2018. E na indústria, segmentos mais dependentes do crédito estão sofrendo mais do que aqueles vinculados à renda ou exportáveis.
Na soma de tudo isso, as expectativas são de que o país cresça bem menos que no ano passado, quando o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) detectou uma expansão de 2,9% no PIB. O ponto médio das expectativas de bancos, corretoras e consultorias é de uma expansão de 0,84%, segundo o boletim Focus, do Banco Central.
As projeções para o corte nos juros neste ano diminuíram nos últimos meses. A taxa básica (Selic) atualmente está em 13,75% e a sinalização de bancos, consultorias e corretoras para o fim do ano está em 12,75% – até outubro, por exemplo, acreditava-se em corte maior, que levaria a taxa a 11,25%.
Mais pessimistas, algumas instituições financeiras acreditam que será impossível baixar os juros neste ano.