A reunião do Copom encerrada na última quarta-feira trazia consigo muitas expectativas, não apenas por se dar em uma “Super Quarta”, com decisões de outros bancos centrais importantes mundo afora, mas também porque as pressões sobre o Banco Central brasileiro, vindas do governo, de dirigentes petistas e de entidades-satélites do petismo, vinham se avolumando.
No fim, a técnica prevaleceu sobre a política e os membros do colegiado decidiram pela manutenção da Selic nos atuais 13,75%, apontando uma série de fatores, incluindo a incerteza global após a crise bancária nos Estados Unidos e na Suíça, e a resiliência da inflação brasileira, que não deve voltar para dentro dos limites de tolerância da meta para este ano.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, chamou de “preocupante” o comunicado divulgado ao fim da reunião. Mas, a bem da verdade, não existe muita diferença entre o que o Copom afirmou no dia 22 e o que vem dizendo há meses, até mesmo antes de Lula ser eleito.
Houve até alguns acenos ao governo: se em 1.º de fevereiro o comunicado falava em “ainda elevada incerteza sobre o futuro do arcabouço fiscal do país”, agora retirou o adjetivo e fala apenas em “incerteza”; ao mencionar a volta da cobrança de impostos federais sobre combustíveis, o Copom não citou seu efeito sobre a inflação, mas ressaltou que ela “reduziu a incerteza dos resultados fiscais de curto prazo”, vendo o copo meio cheio do ponto de vista fiscal.
Mesmo o trecho mais incisivo, que promete a retomada do “ciclo de ajuste caso o processo de desinflação não transcorra como esperado”, já apareceu em comunicados anteriores e é condizente com a missão.
Com informações da Gazeta do Povo