Quatro meses e meio após Lula subir a rampa, está realizado o sonho de todo governante populista brasileiro: a Petrobras oficialmente abandonou sua política de preços alinhada com o mercado internacional, e que fora responsável pelo início de sua recuperação após a depredação realizada na primeira passagem do petismo pelo Planalto.
Cumprindo uma promessa de campanha de Lula – e, mais uma vez, o que seria elogiável em qualquer outro governante se torna maldição para o país –, o preço dos combustíveis será “abrasileirado” e as consequências são imprevisíveis, tanto para a própria Petrobras quanto para o incipiente setor privado, que compete com a estatal no fornecimento de combustíveis.
Nunca é demais recordar as razões que fizeram do Preço de Paridade de Importação (PPI) a escolha da diretoria que assumiu a Petrobras quando Dilma Rousseff foi cassada e substituída por Michel Temer.
O Brasil depende do mercado externo, pois sua autossuficiência em petróleo é ilusória: como o parque de refinarias nacional é insuficiente e obsoleto, o país precisa importar óleo e derivados.
Além disso, ao praticar preços de mercado, a Petrobras permite que haja competição justa com os demais fornecedores privados, já que a estatal, sozinha, não dá conta de toda a demanda nacional por combustíveis.
Nada, portanto, de “crime contra o povo”, como o ministro Alexandre Silveira, de Minas e Energia, classificou a PPI, mas de prática exigida por boas regras de governança.