Por Marcos Tosi/Gazeta do Povo
Um misto de indignação, furor e devoção cívica marcou o protesto realizado em Curitiba neste domingo (21/05) contra a cassação do mandato do deputado federal Deltan Dallagnol (Podemos-PR) pelo Tribunal Superior Eleitoral.
As milhares de pessoas, vestidas de preto em sinal de luto, mas sem abrir mão do verde e amarelo, pareciam incrédulas de que uma chicana jurídica possa ter invalidado os 345 mil votos dados ao parlamentar na última eleição, fazendo dele o mais votado do Paraná.
O clima da manifestação, contudo, esteve longe de tristeza ou admissão de derrota. O deputado Marcel Van Hattem (Novo-RS), que comanda articulação por uma CPI do Judiciário, ironizou o ministro Gilmar Mendes, do STF, que afirmou que Curitiba "tem o germe do fascismo".
"Na verdade, foi aqui que surgiu o germe do combate à corrupção. E hoje Curitiba ressurge para dar exemplo de que nós não temos medo", disse Hattem.
Aos gritos de "juntos com Deltan", muitos manifestantes expressaram a convicção de que a carreira política do ex-procurador da Lava Jato de 43 anos está apenas começando.
“Tenho certeza de que Deltan voltará ao Congresso e ocupará o cargo que desejar ocupar, porque ele representa a voz do povo, a voz dos paranaenses. Esse arbítrio do TSE acaba projetando a imagem do Deltan, e tudo isso é um impulso para quem sabe ele se tornar um futuro prefeito, governador ou senador. O povo não aceita uma barbaridade dessas calado”, disse o advogado Ricardo Alexandre, de 46 anos, que foi ao protesto com a esposa, Silvia, e a filha Sofia, de 4 anos.
Em seu discurso, o próprio Dallagnol falou como alguém convicto de que está longe de ter encerrado a carreira. “Estamos aqui hoje para que não exista juristocracia ultrapassando a linha. Quando fecham as portas do voto, estão fechando as portas da democracia”.