Renan Ramalho
Após quase dois meses de expectativa, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) indicou, nesta quinta-feira (1º), o advogado Cristiano Zanin Martins, de 47 anos, para o Supremo Tribunal Federal (STF).
Advogado do petista desde 2013, ele se tornou o maior símbolo da ascensão e queda da Operação Lava Jato, mas no sentido inverso. Se durante anos, ele amargou seguidas derrotas nos processos contra Lula, vendo o cliente ser preso e afastado das eleições de 2018, virou o jogo nos anos seguintes, revertendo as condenações e arquivando as mais de 20 ações e investigações que o alvejavam.
"Já era esperado que eu fosse indicar o Zanin para o STF, não só pela minha defesa, mas porque eu acho que se transformará em um grande ministro da Suprema Corte. Conheço suas qualidades, formação, trajetória e competência. E acho que o Brasil irá se orgulhar", afirmou Lula.
Por causa do perfil comprovadamente garantista, é dado como certo que seu nome será aprovado com relativa facilidade no Senado.
Apesar disso, nos últimos meses, Zanin enfrentou resistência no mundo político, e não apenas de opositores de Lula no campo da direita, incomodados com a proximidade com o petista; e de apoiadores da Lava Jato, receosos de que sua entrada no STF aprofundará ainda mais o revés no combate à corrupção.
Apesar da indicação de Lula, houve e ainda há fortes reservas a Zanin sobretudo na esquerda. Petistas e advogados que preferiam outros nomes dizem que, fora a atuação na Lava Jato, pouco se sabe sobre o que Zanin pensa em temas caros ao campo progressista.