Omar Godoy /Gazeta do Povo
Na cerimônia de abertura do último Foro de São Paulo – aquele evento que até pouco tempo grande parte da imprensa considerava apenas um delírio, uma “narrativa” da direita –, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva escancarou de vez o que antes só se dizia à boca pequena.
Sempre disposto a agradar a plateia do momento (no caso, representantes de partidos de esquerda de toda a América Latina), o mandatário afirmou:
“Eles nos acusam de comunistas, achando que nós ficamos ofendidos com isso. Nós não ficamos ofendidos. Ficaríamos ofendidos se nos chamassem de nazista, de neofascista, de terrorista. Mas de comunista, de socialista, nunca. Isso não nos ofende. Isso nos orgulha muitas vezes”.
Não satisfeito, Lula em seguida afirmou, seguindo à risca a cartilha do comunismo: “Aqui no Brasil, nós enfrentamos o discurso do costume, o discurso da família, o discurso do patriotismo. Enfrentamos o discurso que a gente aprendeu a historicamente combater”.
O fato é que, assim como o presidente, os marxistas e derivados saíram do armário para valer. Algo impensável depois da queda do Muro de Berlim, quando até partidos alinhados com a “economia de planejamento” (quem tem mais de 40 anos certamente aprendeu esse termo na escola) trocaram de nome para não serem mais associados aos regimes totalitários responsáveis pela opressão e morte de milhões de pessoas em todo o planeta.
Envergonhados, muitos dos militantes vermelhos tiveram de se apropriar das pautas ecológicas e identitárias para sobreviver no cenário político. E mesmo o Partido dos Trabalhadores só conseguiu chegar ao poder no Brasil se camuflando de democrata – trocou a luta de classes pelo “Lulinha paz e amor”.