J. R. Guzzo/Gazeta do Povo
O Rio de Janeiro está em mais um momento do seu pesadelo permanente.
Por uma combinação perversa, já há muitos anos, de governos estaduais indiferentes ou acumpliciados ao crime, de leis escritas por advogados dos criminosos e uma cultura voltada para a veneração do tráfico de drogas e das quadrilhas que controlam as “comunidades” cariocas, o sistema legal em vigor no Brasil deixou de ser aplicado no Rio.
Em áreas inteiras da cidade e de suas vizinhanças não existe mais a autoridade do Estado – quem governa é o crime.
A polícia, em vez de reprimir os criminosos, é reprimida pelo STF e pelos níveis de cima do aparelho judiciário.
As quadrilhas se matam entre si, tocam fogo em ônibus urbanos para mostrar força, corrompem políticos e agridem os cidadãos.
Tudo isso é resultado direto de uma postura suicida diante do crime. Há mais de 40 anos, o poder público, as classes intelectuais e os que têm dinheiro para comprar a sua própria segurança, com escoltas armadas e carros a prova de bala, decidiram que o Rio deveria conviver com o tráfico de drogas e com outras atividades criminosas.
Seria uma nova espécie de “contrato social”: os bandidos ganham liberdade para agir e, em troca, deixam a população em paz. Achavam, até mesmo, que o crime era a solução, e não o problema – assim como a favela era a solução para o problema da moradia.
Deu nisso que está aí. As autoridades locais, o governo federal e o Congresso Nacional traíram seus compromissos legais de garantir a segurança do cidadão.
Hoje quem manda é o crime.