Eles são doutrinados aos milhares, para não acreditarem no direito sagrado à propriedade. Acreditam que quando querem um pedaço de terra, simplesmenete devem ir até lá e invadir. A possibilidade de trabalharem duro para conseguirem comprar a própria terra, nem passa pela cabeça deles.
Após 20 anos sem acampamentos do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), a região da Campanha, no sul do Rio Grande do Sul, voltou a temer invasões de propriedades.
Desde 19 de outubro, cerca de 60 famílias do movimento agrário estão acampadas às margens de uma rodovia na cidade de Hulha Negra.
Atentos à esta movimentação do MST, um grupo de aproximadamente 60 produtores rurais passou a se reunir em vigília a um quilômetro do local.
A intenção dos agricultores é evitar que os acampados invadam as terras no entorno. Um dos produtores com área mais próxima ao acampamento já conseguiu uma liminar para impedir a invasão.
A ação de interdito proibitório, mecanismo utilizado no caso, consiste em uma defesa preventiva diante de iminentes atos que possam causar a perda da posse da propriedade.
Até o momento não houve confrontos entre os grupos, mas a expectativa de chegada de mais famílias do MST nos próximos dias, podendo chegar a 600 famílias, deixa o grupo de agricultores apreensivos.
“Pela experiência que a gente tem na região, as invasões nunca partiram de assentamento. Todas as invasões que houve na região partiram de acampamentos. Então, eles fazem acampamento para invadir. Se não for para invadir, eles [integrantes do MST] permanecem nos assentamentos e fazem as manifestações deles lá”, diz o advogado e produtor rural, Marcelo Macedo.
O acampamento está sendo acompanhado pela direção estadual do MST. O líder do movimento no Rio Grande do Sul, Ildo Pereira, tem concedido entrevistas a veículos de imprensa locais.
“Temos muitas pessoas da região [no acampamento], mas também de Pedras Altas, Herval, regiões Central e Norte e até de Porto Alegre. O nosso objetivo é terra. Estamos na região há mais de 30 anos e percebemos que muita gente quer um pedaço de terra para plantar e viver com dignidade”, disse, em matéria publicada no site oficial do MST.
Fonte: Gazeta do Povo