Não são poucas as histórias de famílias destroçadas pelas prisões ilegais e injustas do 8 de janeiro.
Existem desde casos de costureiras idosas e totalmente inofensivas que foram presas com a bilblia na mão, até relatos chocantes de pessoas com doenças crônicas que tiveram suas vidas em risco por interrupção compulsória do tratamento.
Um desses casos é o do motoboy Moacir Santos, que é o principal provedor de uma família cheia de problemas e de necessidades especiais.
A mulher de Santos, Iraci, afirma que sua vida foi “destruída pela Justiça”.
Abalado, o homem preferiu não dar entrevistas.
Desempregada, Iraci depende financeiramente do marido, que fazia bicos como motoboy.
A dona de casa largou o trabalho para cuidar do filho de seis anos, que é autista.
Ela pensa em se mudar do imóvel alugado para ficar mais perto de parentes, em outro bairro da cidade, na tentativa de conseguir algum apoio financeiro e emocional e encontrar uma casa mais barata.
“No tempo em que o Moacir ficou longe, sobrevivemos da ajuda de amigos e familiares”, disse. I
raci confessou que não sabe como vai lidar com o filho e com a mãe de Santos, que sofre de comorbidades.
“Aonde o pai vai, o menino o acompanha”, relatou.
No período que Santos passou na Papuda, Iraci inventou histórias ao filho para esconder dele a prisão do pai.
Esses episódios do 8 de janeiro vão, sem a menor dúvida, ficar registrados como uma grande mancha na história do povo brasileiro; não só pelas injustiçças praticadas por tiranos de ocasição, mas também pela inércia de quem poderia ter feito alguma coisa para reagir e não fez.