Por J. R. Guzzo
A morte de Cleriston Pereira da Cunha, um dos presos nos tumultos do dia 8 de janeiro em Brasília, é um assassinato legal.
A afirmação pode parecer um excesso, mas os fatos, com a força vital que os fatos costumam ter, mostram que foi exatamente isso o que aconteceu.
No dia 27 de fevereiro, um laudo médico oficial informou à autoridade pública que ele corria “risco de morte” se não fosse levado a um hospital.
Clériston precisava de tratamento urgente para um quadro de saúde grave, causado pela combinação de enfermidades cardíacas, diabetes, hipertensão e distúrbios no sistema circulatório.
Seus advogados, com base nesse documento, pediram que ele fosse internado num hospital.
No dia 1º de setembro, o próprio Ministério Público, o responsável pela acusação, pediu a sua soltura para que ele pudesse receber cuidados médicos de emergência.
O relator do processo, ministro Alexandre de Moraes, ignorou o laudo, a petição da defesa e a solicitação do MP.
Assinou com isso a sentença de morte de um preso que estava sob a sua custódia e que não tinha nem sequer sido julgado, após quase um ano na prisão.