Por Henrique Bredda
A importância das montanhas é profundamente enraizada na tradição cristã.
As montanhas são locais de revelação divina, de reclusão para a contemplação espiritual e símbolos da ascensão do espírito humano em direção a Deus.
Talvez o mais conhecido dos montes bíblicos, onde Moisés recebeu os Dez Mandamentos, o Sinai é símbolo da aliança de Deus com Israel e do encontro direto do homem com o Divino (Êxodo 19-20).
O Monte Tabor, local da Transfiguração de Jesus, onde ele revelou sua glória divina na presença de Moisés e Elias, simboliza a união do Antigo e do Novo Testamento (Mateus 17:1-9).
O Monte das Oliveiras, importante em muitos momentos da vida de Jesus, incluindo sua ascensão ao céu (Atos 1:9-12), representa um lugar de oração, ensinamento e profunda conexão espiritual.
O Monte Carmelo, associado ao profeta Elias e seu confronto com os profetas de Baal, simboliza a vitória da fé verdadeira sobre a idolatria (1 Reis 18).
O Eremo delle Carceri, localizado perto de Assis, é um eremitério onde São Francisco costumava se retirar para orar. Representa a simplicidade e a busca pela intimidade com Deus.
O Monte della Verna, local onde São Francisco de Assis recebeu os estigmas, é um símbolo poderoso do sofrimento e da paixão de Cristo, vividos por Francisco.
O Santuario della Madonna della Corona, construído na encosta de um penhasco, é um testemunho da fé enraizada nas tradições e na beleza natural, sendo um local de peregrinação e reflexão.
Monte Cassino, famoso pela sua abadia beneditina, é um centro de espiritualidade cristã e estudo, fundado por São Bento, patrono da Europa.
As montanhas, na tradição cristã, são mais do que simples geografias físicas; são espaços sagrados onde o céu e a terra se encontram. Elas são uma metáfora poderosa para a jornada espiritual do homem - uma ascensão desafiadora, em direção a uma maior compreensão e comunhão com o Divino.
Numa montanha o ambiente é silencioso, frio, pouco frequentado, e as pessoas ficam mais propensas à introspecção, meditação e contemplação.
Se os grandes profetas, santos e o próprio Cristo procuravam as montanhas, não serei eu quem irá discordar. Devem existir seríssimas outras razões para isso.