Apesar do cenário fiscal desafiador, o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não parece disposto a rever sua política de buscar o equilíbrio das contas públicas exclusivamente por meio do aumento da arrecadação.
Corte de despesas, revisão de gastos e reforma administrativa são tabus dentro do governo petista, que fechou 2023 registrando o segundo maior déficit primário da história, de R$ 234,3 bilhões, segundo estimativa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
Na avaliação de muitos economistas, a falta de atenção para o lado da despesa é "um grande problema" a ser enfrentado este ano.
Além de a estratégia do titular da Fazenda, Fernando Haddad, ser totalmente voltada para a receita, o ministro ainda sofre pressões de Lula e do PT para abrir ainda mais a torneira dos gastos no ano eleitoral.
"O governo não apresentou nenhum plano para amenizar a necessidade de arrecadação e, na outra ponta, aumentou despesas com medidas como o reajuste do salário mínimo [acima da inflação]. É um governo focado no populismo, porque acredita que a expansão do gasto público gera emprego e crescimento", diz Alex Agostini, economista-chefe da Austin Rating.
"Mas o governo não conta o outro lado da equação, as consequências de uma política fiscal frouxa, que são a redução da eficácia da política monetária, a inflação e a redução de investimentos, emprego e renda a médio prazo", completa Agostini.
Fonte: Gazeta do Povo