O descuido do governo com as contas públicas, com a conhecida tolerância do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) aos déficits fiscais e ao consequente aumento da dívida pública, pode ter um pesado custo para economia brasileira no longo prazo, dizem analistas liberais.
"Basta olhar para a Argentina e o que a ideologia do 'gasto [público] é vida' causou naquele país", afirma o professor Cláudio Shikida, do Ibmec Belo Horizonte e especialista do Instituto Millenium.
A expressão "gasto é vida" é atribuída a Dilma Rousseff, então ministra-chefe da Casa Civil, quando rechaçou em 2005 uma proposta de déficit nominal zero estudada pelo Ministério da Fazenda, na época sob o comando de Antonio Palocci.
As projeções de bancos, consultorias e corretoras apontam para déficits primários (despesas superiores às receitas, sem contar os juros da dívida) e aumento do endividamento público pelo menos até 2027.
Por mais que a boa parte dos analistas não classifique esse cenário como catastrófico e demonstre uma certa condescendência com a gestão fiscal do governo, o panorama tende a se complicar caso não haja sinais claros de reversão dessa tendência.
A piora das contas públicas desde o início do atual mandato de Lula é indisfarçável. Em 2022, o setor público teve superávit primário de R$ 126 bilhões – com a ajuda, vale citar, de dividendos de estatais, postergação do pagamento de precatórios e do efeito da inflação sobre a arrecadação.
Como os gastos com juros somaram R$ 586,4 bilhões, o país fechou o ano com déficit nominal de R$ 460,4 bilhões.
Fonte: Gazeta do Povo