A partir de julho de 2024, todas as garrafas plásticas na União Europeia terão suas tampas presas a elas por uma pequena aba de plástico. As redes sociais já estão cheias de vídeos de usuários tentando beber sem arranhar o nariz, furar um olho ou cortar o lábio.
Esse inconveniente é resultado de mais uma regulamentação ambiental, recentemente aprovada pelo Parlamento Europeu, que visa reduzir o impacto do plástico no meio ambiente.
Também ajuda a ilustrar o estado de espírito em que milhões de cidadãos europeus foram votar no último domingo para eleger a nova configuração do Parlamento Europeu: o cansaço provocado pelo fato de que muitas medidas destinadas a salvar o planeta simplesmente tornam a vida mais difícil para seus habitantes.
A União Europeia (UE), dominada por centristas (ou conservadores progressistas), bem como por elites social-democratas e verdes, está há anos numa corrida para ser a primeira instituição ocidental a implementar a Agenda 2030 da ONU.
Os líderes da UE acreditavam que não teriam que pagar por suas atitudes e pelas consequências de suas políticas, como a loucura ambientalista, o influxo massivo de imigração ilegal, sua tolerância com o islamismo, a ruína dos agricultores locais, seu desrespeito pelos valores tradicionais do Ocidente cristão e sua tentativa de diluir a soberania nacional. E, de fato, não pagaram por nada disso… até agora.
Os partidos hegemônicos da UE acabaram de receber um grande golpe: A esquerda e a extrema esquerda foram derrotadas em toda a UE. A centro-direita, liderada por Ursula von der Leyen, precisará formar um pacto com outros para permanecer à frente da Comissão Europeia, e a notícia em todos os jornais foi a grande ascensão em todo o continente da nova direita, ou o que a imprensa tradicional europeia costuma chamar de “extrema direita”, que deve ser entendida como “tudo que não seja social-democracia verde”.
Os votos ainda não terminaram de ser contados, mas a recente eleição para o Parlamento Europeu, realizada entre os dias 6 e 9, já pode ser considerada um sucesso para legendas de centro-direita e de direita, que ampliaram sua participação à custa de cadeiras antes ocupadas por partidos de centro-direita ou com plataformas mais específicas, como os chamados “verdes”.
O resultado já teve efeitos drásticos dentro de alguns países, como a dissolução da Assembleia Nacional francesa e a convocação de novas eleições após o presidente Emmanuel Macron ver seu partido ser superado em larga margem pela Reunião Nacional, de Marine Le Pen; e a renúncia do primeiro-ministro da Bélgica, derrotado pela direita nas eleições locais realizadas simultaneamente às eleições europeias.
No entanto, este é um avanço que precisa ser melhor compreendido, tanto pela natureza institucional peculiar da União Europeia quanto pelas características distintas que marcam o que se convencionou chamar de “direita” na Europa.
O primeiro ponto a se considerar é que a mudança não foi suficiente para alterar o balanço de forças dentro do Parlamento Europeu, onde os partidos políticos nacionais se filiam a blocos com certa coesão ideológica.
Os partidos mais à direita estão divididos em dois blocos: o Identidade e Democracia inclui a Reunião Nacional (França), a Liga (Itália) e o Chega! (Portugal); já o Reformistas e Conservadores Europeus conta com o Irmãos da Itália (partido da premiê Giorgia Meloni), o espanhol Vox e o polonês Lei e Justiça como os principais componentes.
Outros partidos, como o Alternativa para a Alemanha, não pertencem a bloco nenhum. Os dois blocos de direita devem aumentar sua presença no Parlamento Europeu, mas não a ponto de destronar o Partido Popular Europeu, de centro-direita, que continuará sendo a principal força no órgão, formando maioria com o segundo maior bloco, o Socialistas e Democratas (de centro-esquerda), e com outro grupo de centro, o Renovar a Europa.
Fonte: Gazeta do Povo