Medidas tomadas no atual governo criaram uma situação que, caso mantida, pode levar o país a uma crise fiscal, inviabilizar a capacidade de investimento e elevar o endividamento público.
Apesar disso, propostas internas para reverter o quadro têm sido interditadas pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Uma nova tentativa de convencê-lo a desarmar a bomba-relógio das contas públicas será feita pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
Nesta terça-feira (11), Haddad anunciou que pretende levar a Lula alternativas para conter gastos do governo, entre as quais estaria um freio para despesas com saúde e educação. A medida seria um aceno ao mercado, que, preocupado com o quadro fiscal, tem jogado para cima o dólar e os juros futuros.
“Por ocasião da discussão do Orçamento, nós vamos levar algumas propostas para o presidente, que pode aceitar ou não, dependendo da avaliação que ele fizer”, disse Haddad. O ministro, porém, não falou em mexer nas regras da Previdência e benefícios assistenciais, que juntos respondem por mais da metade dos gastos da União.
Uma discussão semelhante levantada há pouco mais de um mês pela ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, foi logo repreendida por outros ministros e pelo partido do presidente (leia mais adiante).
Vários analistas veem com desconfiança a sustentabilidade do arcabouço fiscal instituído no ano passado em substituição à regra do teto de gastos. Isso porque, ao permitir um crescimento desproporcional das despesas, a nova regra pode estrangular o espaço para investimentos e gastos discricionários.
Uma das iniciativas de Lula que contribuem para o aperto nas contas é a política de valorização real do salário mínimo, retomada pelo petista logo em seu primeiro ano de mandato.
Fonte: Gazeta do Povo