Por Henrique Bredda
Do ponto de vista teológico, a conversão é uma resposta à graça de Deus, que nos convida a reconhecer que a verdade é uma realidade objetiva, revelada por Ele, e não algo que construímos.
Como Santo Agostinho afirmou: "Fizeste-nos para Ti, e inquieto está o nosso coração, enquanto não repousa em Ti".
Isso reflete a necessidade de abandonar a arrogância intelectual, que nos leva a crer que podemos criar ou definir a verdade por nós mesmos.
Psicologicamente, a conversão implica superar a resistência do ego, que deseja manter o controle e moldar a realidade segundo suas próprias ideias e desejos.
Para se converter, é preciso abrir mão dessas pré-concepções e admitir a limitação do próprio entendimento, permitindo que a verdade, independente de nossas vontades, transforme nosso ser.
O coração deve se abrir para acolher o que vem de fora, de Deus, e não de nós mesmos.
Filosoficamente, a verdade está no ser das coisas. A conversão é o ato de submeter a mente e o coração à realidade, que é dada. Não somos criadores da verdade, mas seus receptores.
O que impede a conversão não é a falta de argumentos racionais, mas a falta de humildade para reconhecer que a verdade nos transcende e nos é imposta como um dado. Somente ao ajoelhar-se diante dessa realidade é que se pode verdadeiramente contemplar o esplendor da criação e da verdade.