Por J. R. Guzzo/Gazeta do Povo
De todas as taras políticas que conduzem a política brasileira de hoje – e olhem que nunca houve tanta tara junta no mesmo momento –, uma das mais neuróticas é a guerra de Lula, do PT e da esquerda contra a anistia.
Historicamente, e em condições mais ou menos normais do ponto de vista mental, as pessoas e organizações só se mobilizam em favor de anistias.
No Brasil de Lula é o exato contrário – eles conseguiram montar uma cruzada colérica contra a anistia. Negam a possibilidade de qualquer tipo de concórdia. Não abrem mão da vingança – e chamam isso de “defesa da democracia”.
É, sem dúvida, um dos momentos mais baixos na história da esquerda nacional. Sua posição não é apenas um monumento ao ódio. É, talvez pior ainda do que isso, um grave distúrbio cognitivo.
A anistia aos presos do “8 de janeiro” é muito mais que um gesto de perdão: é a solução para eliminar a maior infâmia já cometida pelo Sistema de Justiça do Brasil, com suas histéricas condenações a pobres coitados que fizeram um quebra-quebra em Brasília e estão sendo punidos pelo crime de “golpe de Estado”.
Mais ainda: estão sendo punidos por “golpe de Estado” e “abolição violenta do Estado de Direito” ao mesmo tempo, como se alguém fosse capaz de fazer uma coisa dessas.
Não aceitam, de jeito nenhum, desfazer a injustiça que está sendo cometida contra o cidadão comum. Esse cidadão arrasou a esquerda na última eleição. É hoje a grande assombração para Lula e o seu consórcio.