O que dizer de um governo que, com menos de um mês de gestão, manda para a prisão, sem direito ao devido processo legal, mais de mil pessoas honestas e trabalhadoras, cujo único crime foi protestar contra a fraude nas eleições do seu país?
Entre os presos estão alguns poucos que, movidos por uma indignação extrema, cometeram o erro de invadir os prédios dos três poderes e depredar o patrimônio público.
Mas o fato, é que a maioria nem na praça dos três poderes chegou a pisar. São senhoras e senhores respeitáveis, que estavam protestando pacificamente na porta do quartel, e foram detidos por bloqueios que pararam os ônibus em que tentavam retornar para as suas casas. A partir daí, foram e estão sendo tratados de forma desumana.
Aflição, angústia, sensação de insegurança e até tentativa de suicídio. Essa tem sido a rotina dos mais de mil manifestantes presos há dez dias, em Brasília. O grupo divide-se em dois: mulheres na penitenciária da Colmeia, e homens, na Papuda.
Tudo isso não se parece em nada com o “Brasil feliz de novo”, prometido pelo candidato Lula, durante as eleições, ou com o ambiente de pacificação, volta e meia defendido pelo agora presidente, em vários discursos.
Nesta semana, 335 pessoas foram libertadas. As demais continuam sem saber quando — e se — vão deixar o cárcere. As incertezas começam já no dia em que os manifestantes foram presos.
Isso porque muitos estavam em um acampamento montado em frente ao Quartel-General (QG) do Exército em Brasília. O advogado Alex Flexa, que atende famílias dos detidos, conta que muitas pessoas foram surpreendidas com a chegada da Polícia Federal (PF), na manhã da segunda-feira 9.
‘Havia cozinheiras voluntárias que vieram ajudar o pessoal, e acabaram detidas com os outros’, disse. "As pessoas estavam desorientadas".
Com informações da Revista Oeste