Por Leonardo Desideri/Gazeta do Povo
Nos últimos dias, três dos mais tradicionais jornais norte-americanos – The New York Times, The Washington Post e The Wall Street Journal – e o jornal generalista mais lido da Espanha, El País, publicaram artigos que abordam os riscos das decisões monocráticas recentes do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), para a democracia brasileira.
A repercussão internacional em meios tradicionais contrasta com a baixa visibilidade dada ao mesmo tipo de questionamento em veículos de grande alcance do Brasil.
São exceções, além disso, os casos de formadores de opinião de fora da direita em território nacional que levam a público a preocupação com os ataques à liberdade de expressão. Os que o fazem têm sido atacados por isso.
Na semana passada, o jornalista norte-americano Glenn Greenwald se tornou alvo da esquerda ao externar sua inquietação com as decisões de Moraes.
Conhecido por ter publicado conversas hackeadas entre ex-membros da Lava Jato no site The Intercept, Greenwald era tido como herói entre esquerdistas por ter dado o ponto de partida para o desmonte da operação que havia resultado na prisão do presidente Lula (PT).
Diante da enxurrada de críticas ao seu posicionamento sobre Moraes, o jornalista evocou a importância de não relativizar “princípios” em nome de ideologias.
“Quem defende um princípio não está do lado de nenhuma facção política. Um princípio não serve à esquerda ou à direita. Um princípio, por definição, tem aplicação universal.
Aqueles que não conseguem raciocinar com princípios sempre assumem que todos sofrem da mesma incapacidade”, disse via Twitter.
Para o especialista em liberdade de expressão Pedro Franco, mestre em história social da cultura pela PUC-Rio e em estudos interdisciplinares pela Universidade de Nova York, o comportamento omisso da esquerda em relação às decisões recentes do STF e crítico em relação a Greenwald “tem muito a ver com raciocínio motivado”