As drogas restão no centro de alguns dos maiores fatores de desagregação social no Brasil. Elas são a mercadoria de um esquema de tráfico internacional que movimenta bilhões de dólares e que já tem influência até nos governos de alguns países, principalmente na América Latina.
O tráfico de drogas é irmão do contrabando de armas pesadas. Por conta dele, comunidades inteiras foram sequestradas por um espécie de governo paralelo, onde existem grupos armados organizados e onde o poder oficial das forças policiais já não apita mais nada.
Do grande número de homicídios registrados hoje no Brasil, a grande maioria está ligada à atividade do tráfico. Neste caso morrem tanto os traficantes, em suas guerras particulares, quanto usuários que não pagam suas dívidas com os meliantes, e também inocentes que só estavam passando na hora por acaso.
É por isso que ser a favor da liberação total das drogas é o mesmo que ser a favor da decretação do caos social. Acreditar, por exemplo, como muitos acreditam, que a liberação vai legalizar o comércio e decretar o fim do tráfico é no mínimo ingenuidade, em um país com baixa escolaridade e com alto índice de pobreza como o Brasil. Aqui não é a Holanda.
Podemos fazer um parelelo com os cigarros por exemplo, que são vendidos legalmente no páis, mas, mesmo assim, a maior parte do que é comercializado aqui ainda chega através de contrabando.
Por que com as drogas, que já têm todo um esquema de tráfico montado, seria diferente? Os traficantes, por acaso, iriam se conformar em ficar desempregados de uma hora para a outra? Ou receberiam CNPJ do governo para montar os seus mercados?
Outro exemplo de como a liberação não resolve é o do comércio de armas. O cidadão de bem pode se candidatar a comprar uma arma em uma loja para sua defesa e de sua família, desde que atenda a alguns critérios de seleção. Mas a maior parte do armamento pesado que está nas mãos dos civis no país, veio através de comércio ilegal e está em posse dos traficantes de drogas.
Nem na Califórnia, que faz parte da sociedade mais rica do planeta, a liberação deu bons resultados. A Califórnia de hoje é um estado violento, decadente e fora de controle, onde a criminalidade explode nas ruas a cada dia.
As comunidades terapêuticas para tratamento de dependentes químicos estão na mira de movimentos de esquerda, como PSOL, partido que compôs a coligação do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Relatório produzido pelo partido e sugestões da equipe de transição recomendaram a suspensão de cerca de 200 normas produzidas pelo governo do presidente Jair Bolsonaro (PL) que beneficiam essas organizações.
Entre as normas que seriam modificadas ou abolidas está o decreto sobre a Política Nacional sobre Drogas (Decreto n. 9.761, de 11 de abril de 2019) do governo Bolsonaro, que privilegia estratégias de abstinência de drogas como uma das formas de redução de problemas sociais, econômicos e de saúde.
Essa diretriz está em sintonia com a atuação das comunidades terapêuticas e contra as políticas dos partidos de esquerda em relação às drogas.
Para o PSOL, o apoio à abstinência e às comunidades de reabilitação seria um “notável desserviço à população”, ainda mais com a presença de religiosos em algumas dessas organizações no combate às drogas.
O partido também acusa essas organizações de violar os direitos humanos, pois, para o partido socialista, laborterapia seria “superexploração do trabalho da população usuária”.
O PSOL, como representantes de outros partidos de esquerda, já se posicionou a favor da legalização da maconha, não somente para uso medicinal, mas também para uso recreativo.
Só quem tem uma pessoa em casa, que seja vítima da dependência severa dessas drogas, é que tem a exata dimensão da importância da missão que essas comunidades terapêuticas de reabiltação realizam.